sábado, 2 de novembro de 2013

Adeus Velho Lima...

O ano era 2006, eu me formaria no fim dele como Professor de Educação Física pela UFRJ.
Um anúncio na Escola de Educação Física dizia que o Clube de Regatas do Flamengo estava selecionando estagiários para trabalhar nas categorias de base do Clube.
Eu estava cursando nas noites de sexta a matéria Futebol III onde havia, concomitantemente, um curso com a presença de grandes nomes do Futebol. 
Fui ao Flamengo para uma entrevista com Rivelino Serpa, que na época era um dos responsáveis pelas categorias de base do Fla. Éramos uns 6 ou 7 para duas vagas, e coincidentemente ficamos eu e meu camarada de faculdade Lucas Lanna. Lucas já com muito mais experiência que eu, em passagens por São Cristóvão, entre outros clubes.
No início dos trabalhos, após as devidas explicações sobre como proceder com os atletas que se apresentavam em período de experiência, fomos até o Ninho do Urubu. 
Todos os dias em que eu entrava naquele lugar para trabalhar, eu me emocionava. Cara, eu estava trabalhando no CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO! Unindo meu amor por aquela camisa Rubro Negra e um meio de ganhar experiência profissional, já que no início não éramos remunerados, mas ainda não me preocupava com isso.
Bem... chegando ao Ninho, fomos apresentados ao Sr. Liminha, João Crevelim para os menos íntimos. Que nada, Liminha, era assim que todos o chamavam dentro do Fla. Ranzinza, resmungão, mas um verdadeiro pai pra gente lá dentro. Com o passar do tempo, fomos conhecendo o homem por trás daquela cara fechada, que soltava um palavrão a cada passe errado de um de seus jogadores, ou mesmo quando um deles se posicionava ma em campo, que gritava se alguém se comportava mal dentro do CT, mas que era absolutamente justo com os jovens que por lá passavam. A cada duas semanas tínhamos que dispensar aqueles que não estariam prontos para seguir nos testes naquele momento. E Liminha sempre me consultava pra saber se o moleque teve oportunidades o bastante, para saber se ele fora escalado na posição correta, e se ele fazia parte do grupo de maneira correta e sem fazer bagunça.
Lima, pros íntimos, era um paizão mesmo. Pode perguntar a quem foi jogador dele na base. Lembro quando o jovem Paulo Victor, este mesmo que veste o Manto sob nossas traves se aproximou do campo 4 onde fazíamos um coletivo com a garotada e gritou "Fala Lima!", que de longe respondeu com um $#*&@ e perguntou se estava tudo bem, se estava treinando sério e como andavam as coisas. Quando Paulo foi andando Lima virou-se pra mim e disse, "esse tem futuro". 
Lembro dos chopes que tomávamos aos sábados após os treinos em Vargem Grande, do churrasco que fizemos próximo de sua casa, se não me engano em Irajá, ou Maria da Graça. Uma vez tomamos uma cerveja e comemos um petisco bem safado numa birosca com ninguém menos que Geoge Helal, ex presidente do MAIS QUERIDO.
Lembro muito bem de como ele se orgulhava de explicar uma jogada que ele fazia nos escanteios ofensivos, quando era técnico dos juniores. Por sinal, ganhou tudo como técnico da base, nos maiores títulos do Fla, ele estava lá.
Aprendi muito com Lima, aprendi que deve-se cobrar muito de seus jogadores, mas devemos ser justos com eles. Que simplicidade e trabalho, levam a lugares importantes.
Em 2007, Lima me ligou avisando que o Clube não ficaria comigo mais, que eles escolheram o Lucas, afinal, pela experiência dele eu achei correto. Fiquei muito triste, mas a vida seguiu e hoje estou fora do mercado de futebol, mas estabilizado.

Valeu Lima! Obrigado pelos momentos espetaculares que passamos juntos. 
Muita força para sua esposa, a quem eu tive a honra de conhecer no churrasco supracitado e que no dia em que nos conhecemos ela disse "então vocês são o Claudio e o Lucas, os filhos do Liminha".

Papai do Céu, tome conta desse cara, por favor.



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